terça-feira, 12 de outubro de 2010

HOTEL HELL

Autor: JOCA REINERS TERRON
Editora: LIVROS DO MAL
Páginas: 116

Sinopse:
- Pra onde amigo?
- Pro inferno.
- Ah, te deixo no Hotel Hell, conhece?
- Cumé? Um hotel?
- É, grande como uma cidade. Tem de tudo por lá, cassinos, bares, ruas, avenidas -
o caralho.
- Porra, nunca ouvi falar.
- Foi um empresário desse aí, o tal Bispo Secreto, que comprou a antiga zona industrial inteirinha e construiu. É uma espécie de parque temático, sacumé?
- Circo, coisa assim?
- É, tem até mesmo circo lá dentro. Mas outras paradas também, uns jogos radicais de carros, por exemplo. Você pode alugar um Maverickão V-8 e ficar dando banda; sua missão é fugir dum maníaco de cadeira de rodas que fica nas esquinas atrás dos carros.

É através dessa conversa, entre um bêbado e um taxista, que o autor nos introduz no universo metafórico de Hotel Hell. O grande alvo do livro são as grandes cidades, em especial São Paulo, onde todas histórias se cruzam e nada parece fazer sentido. Hotel Hell não é verdadeiramente um hotel, mas sim um grande centro onde tudo existe, cassinos, avenidas, gangues de velociraptors, circos e mais uma imensidão de cenários e personagens desconexos. O livro é propositadamente confuso e agressivo, desde a linguagem utilizada pelo autor até as conversas e pensamentos dos personagens. Estruturado, se é que podemos utilizar está palavra, em pequenos capítulos narrados em primeira pessoa, as histórias e vozes se cruzam e confundem o leitor, criando efeitos alucinantes até que o mesmo se situe com o estilo utilizado da narrativa.

Após o choque inicial causado pelo autor, a história transcorre de maneira extasiante e surpreendente, o leitor se depara com situações inusitadas e com cenas mais inusitadas ainda. Como o maníaco da cadeira de rodas que persegue os motoristas, a gangue dos dinossauros que vandaliza o Hotel Hell, o macaco trapaceiro que pega a filha do trapezista, o louco a espera da palavra da salvação que será proferida pelo Oráculo do Frango Assado, e muitas outras histórias malucas e engraçadas. Particularmente me adaptei rapidamente ao estilo do autor, e após isso me surpreendi com o livro que comprei em uma reunião literária de um bar. Para quem quer fugir de livros modinha e com histórias manjadas, esta é uma boa pedida. Aconselho.

PONTO POSITIVO: Histórias interessantes e que fogem do velho feijão com arroz.
PONTO NEGATIVO: O estilo da narrativa confunde o leitor no começo.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A VOLTA DO PODEROSO CHEFÃO

Autor: MARK WINEGARDNER
Editora: RECORD
Páginas: 586

Sinopse:
1955. Depois de vencer uma sangrenta disputa entre as famílias do crime de Nova York, Michael Corleone almeja consolidar seu poder e ingressar no mundo dos negócios lícitos. Para isso ele precisa enfrentar seu mais temido adversário: Nick Geraci, ex-boxeador que pagou seus estudos trabalhando nas ruas para a família Corleone. Um homem tão perigoso e esperto quanto o próprio Michael. A guerra declarada entre os dois se estendeu de 1955 até 1962, e exerceu enorme influência na vida dos criminosos mais poderosos dos Estados Unidos, envolvendo figuras perigosas do submundo da Máfia.

Em 1969 Mario Puzo publicou "O Poderoso Chefão", livro que mudou definitivamente a cultura literária dos Estados Unidos. No começo de 2000, a família do autor, junto com sua editora, decidiu retomar a safa de Puzo. Um concurso literário mobilizou todo o país, com a participação de centenas de escritores. Mark Winegardner foi o vencedor e, com "A Volta do Poderoso Chefão, leva adiante a saga da destemida família Corleone.

Este segundo livro não se assemelha em nada com o primeiro de Mario Puzo. Apesar de Winegardner ter habilidade e surpreender o leitor em alguns pontos, a proposta do autor se limita a explicar as lacunas deixadas em aberto com o lançamento do 2º e do 3º filme, proposta essa que se mostra muito fraca com o decorrer do livro. No começo o autor já nos apresenta pelo menos uma dúzia de novos personagens e suas respectivas histórias, alguns com pouca importância, outros essenciais, mas não convence e fica devendo todo o mistério e classe presentes no livro de Puzo. Após isso foca na disputa entre Michael, o novo Don, e Nick Geraci, mas essa disputa mostra-se sem vivacidade e energia, colhendo muito pouca atenção do leitor. Paralelamente corre as histórias de Francesca Corleone, filha de Sonny, e de Tom Hagen, querendo adquirir o total respeito de Michael. Em certo ponto o livro se torna maçante e sem graça, com histórias fracas e pouco empolgantes, uma coisa que contribuiu muito para isso foi o fato do livro conter quase 600 páginas e conteúdo para muito menos. Eu mesmo quase abandonei o livro, mas em respeito aos Corleone resolvi continuar, e não me arrependi. A monotonia presente no meio do livro muda rapidamente para acontecimentos marcantes e reviravoltas alucinantes, mas isso só lá pela página 450, e a partir daí faz jus a saga dos Corleone. Toda a ação resulta em um final excelente e bem planejado, que faz o leitor voltar as emoções sentidas no livro de Puzo. Aconselho este livro apenas aos amantes da saga, qualquer pessoa fora disso irá se decepcionar.

PONTO POSITIVO: A família Corleone está denovo em ação.
PONTO NEGATIVO: A proposta do livro é fraca e sem identidade própria.