Editora: LIVROS DO MAL
Páginas: 116
Sinopse:
- Pra onde amigo?
- Pro inferno.
- Ah, te deixo no Hotel Hell, conhece?
- Cumé? Um hotel?
- É, grande como uma cidade. Tem de tudo por lá, cassinos, bares, ruas, avenidas -
o caralho.
- Porra, nunca ouvi falar.
- Foi um empresário desse aí, o tal Bispo Secreto, que comprou a antiga zona industrial inteirinha e construiu. É uma espécie de parque temático, sacumé?
- Circo, coisa assim?
- É, tem até mesmo circo lá dentro. Mas outras paradas também, uns jogos radicais de carros, por exemplo. Você pode alugar um Maverickão V-8 e ficar dando banda; sua missão é fugir dum maníaco de cadeira de rodas que fica nas esquinas atrás dos carros.
É através dessa conversa, entre um bêbado e um taxista, que o autor nos introduz no universo metafórico de Hotel Hell. O grande alvo do livro são as grandes cidades, em especial São Paulo, onde todas histórias se cruzam e nada parece fazer sentido. Hotel Hell não é verdadeiramente um hotel, mas sim um grande centro onde tudo existe, cassinos, avenidas, gangues de velociraptors, circos e mais uma imensidão de cenários e personagens desconexos. O livro é propositadamente confuso e agressivo, desde a linguagem utilizada pelo autor até as conversas e pensamentos dos personagens. Estruturado, se é que podemos utilizar está palavra, em pequenos capítulos narrados em primeira pessoa, as histórias e vozes se cruzam e confundem o leitor, criando efeitos alucinantes até que o mesmo se situe com o estilo utilizado da narrativa.
Após o choque inicial causado pelo autor, a história transcorre de maneira extasiante e surpreendente, o leitor se depara com situações inusitadas e com cenas mais inusitadas ainda. Como o maníaco da cadeira de rodas que persegue os motoristas, a gangue dos dinossauros que vandaliza o Hotel Hell, o macaco trapaceiro que pega a filha do trapezista, o louco a espera da palavra da salvação que será proferida pelo Oráculo do Frango Assado, e muitas outras histórias malucas e engraçadas. Particularmente me adaptei rapidamente ao estilo do autor, e após isso me surpreendi com o livro que comprei em uma reunião literária de um bar. Para quem quer fugir de livros modinha e com histórias manjadas, esta é uma boa pedida. Aconselho.
PONTO POSITIVO: Histórias interessantes e que fogem do velho feijão com arroz.
PONTO NEGATIVO: O estilo da narrativa confunde o leitor no começo.